Sócios da Invepar são trens em rota de colisão

O que parecia ser um monólito societário, formado a partir da associação entre uma grande construtora e os três maiores fundos de pensão do país, começa a dar sinais de fissura por todos os lados. A Invepar é hoje uma empresa trincada, com fendas a separar a OAS de Previ, Petros e Funcef. O trio previdenciário joga sobre os ombros do empreiteiro Cesar Mata Pires e de seus asseclas a culpa pelas chagas corporativas do grupo – leia-se equívocos estratégicos, derrotas em importantes licitações e aumento do passivo. As rachaduras já alcançam a gestão da companhia. Após a saída do diretor de novos negócios, Hilário Pereira, as fundações fazem pressão pela imediata substituição do presidente da Invepar, Gustavo Rocha, executivo extremamente identificado com a OAS – ele ocupou o cargo de diretor do braço de investimentos do grupo baiano.

 

Talvez a deposição de Rocha (foto) não seja o fim, mas apenas o meio. Tratando-se de fundos de pensão, a menor distância entre dois pontos raramente é uma reta. Previ, Petros e Funcef estariam criando um ambiente propício para, mais à frente, forçar uma revisão do modelo de gestão da Invepar e, no limite, até mesmo romper a sociedade com a OAS. Nunca ficou muito claro por que cargas d´água coube à OAS – detentora de 25% da Invepar – a prerrogativa de indicar o presidente da companhia. Seja quais foram os motivos que levaram Previ, Petros e Funcef, donas dos 75% restantes, a aceitar esta situação, eles parecem ter se esfarelado em meio aos diversos problemas da companhia. Nas palavras do dirigente de um dos fundos de pensão, a gestão de Gustavo Rocha é classificada como catastrófica.

 

Em um intervalo de dez meses, a Invepar perdeu duas licitações fundamentais para o seu negócio: a BR-163 e o aeroporto do Galeão. No caso do terminal carioca, a derrota criou um clima de caça às bruxas na companhia. A proposta de R$ 13 bilhões apresentada pela Invepar, em parceria com a Ecorodovias e a alemã Fraport, ficou em terceiro lugar, 35% abaixo do maior lance, feito pela Odebrecht. A concessão do Galeão era considerada vital para aumentar a escala e a economicidade da operação aeroportuária do grupo, já responsável pela gestão do terminal de Guarulhos. Outro fator de preocupação é o nível de alavancagem da Invepar. O rápido crescimento do número de concessões e do volume de investimentos gerou um doloroso efeito colateral. Somente nos últimos 12 meses, a dívida líquida avançou de R$ 2,4 bilhões para R$ 5,5 bilhões, um salto de 121%. Nesse período, a proporção passivo/patrimônio líquido quase duplicou, saindo de 63% para 117%.
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O alto endividamento começa a ter impacto na última linha do balanço. Em razão do aumento dos custos financeiros, a empresa registrou entre abril e junho o pior resultado trimestral em três anos. As perdas chegaram a R$ 28 milhões. Para fazer frente ao dispendioso plano de investimento de suas diversas concessões sem carregar ainda mais o passivo, a Invepar precisa se capitalizar. O caminho natural seria o da Bolsa de Valores. No entanto, a oferta de ações da companha já virou motivo de piada no mercado. Quem se der ao trabalho de fazer uma busca no Google pelas palavras “Invepar” e “IPO” encontrará 5.370 resultados. Desde 2011, o grupo promete sua abertura de capital para o semestre seguinte. E assim sucessivamente. O IPO, no entanto, nunca chega. Parece até o metrô do Rio. O RR entrou em contato com a Invepar, mas a empresa não quis comentar as informações.

 

Fonte: Blog IG Relatório Reservado

 

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