A Universidade Federal do Pará (UFPA), uma das principais instituições de educação e ciência da região Pan-Amazônia, vai promover no dia 5 de fevereiro, em Belém (PA), das 9h às 18h, o lançamento do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP30”.
O evento tem como principal objetivo contribuir com discussões científicas que abordam soluções globais e locais para os desafios climáticos, com foco nas questões que serão debatidas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). Esta será a primeira vez que a Conferência será realizada na Amazônia, uma oportunidade histórica para dar visibilidade às questões ambientais e socioeconômicas da região.
O movimento busca envolver diversos setores da sociedade civil, incluindo representantes de povos indígenas, acadêmicos, e organizações de pesquisa, em um espaço de troca de conhecimentos e perspectivas sobre a Amazônia. Este esforço pretende mostrar a relevância da ciência produzida na região e a importância de integrar as vozes dos povos tradicionais nas decisões globais sobre o clima e o meio ambiente.
No mesmo dia do evento de lançamento, será apresentada uma publicação que reúne 12 artigos de professores e pesquisadores da UFPA. Os temas abordados incluem bioeconomia, biodiversidade, o protagonismo dos povos tradicionais e o papel da Amazônia e dos amazônidas para o futuro do planeta. Será uma reflexão sobre como a região pode contribuir para um desenvolvimento mais sustentável, promovendo soluções para as questões locais e desafios globais.
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, explica qual a importância da realização da COP30 em Belém para ampliar as discussões sobre o desenvolvimento sustentável, com uma perspectiva amazônida. “Nossos povos e Instituições, suas lutas e histórias, precisam ser visibilizadas se o propósito é pensar um futuro inclusivo e plural”, afirma Silva. Ele ressalta ainda que o movimento “Ciência e Vozes da Amazônia” é um convite para um mergulho profundo nesse universo tão rico, mas também frágil, e uma chamada para a reflexão sobre as dinâmicas políticas do Sul Global.
“A UFPA, como maior produtora de conhecimento sobre a Amazônia em todo mundo, anseia por somar”, concluiu o reitor.
A UFPA, com mais de 50 mil alunos e 5.400 servidores, se destaca como a nona universidade da América Latina com maior número de publicações científicas sobre biodiversidade, com compromisso com o desenvolvimento da região. Além disso, a UFPA promove políticas inclusivas para povos tradicionais, com um enfoque voltado ao acesso e permanência de estudantes negros e indígenas em seus projetos de ensino, pesquisa e extensão – 85% dos seus alunos se identificam com essas populações.
Ainda mais reflexões serão abordadas na COP30, como a proteção e o desenvolvimento sustentável da Amazônia Azul, que corresponde à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil, estendendo-se por áreas oceânicas. Ao Correio, o presidente do Instituto Redemar Brasil, William Freitas, destaca a importância da Amazônia Azul para a regulação do clima global, e alerta para a necessidade de proteção.
“Apesar de sua importância estratégica, econômica e ecológica, a região carece de políticas públicas para sua proteção e desenvolvimento sustentável”, disse.
Freitas também enfatiza a urgência de ações efetivas contra crimes ambientais, especialmente em biomas como a Amazônia e a região costeira brasileira, onde a fragilidade foi exposta pelo desastre ambiental do derramamento de óleo de 2019. A desconexão entre a proteção ambiental e a realidade da costa brasileira é uma preocupação que precisa ser abordada com maior seriedade, segundo Freitas.
“Devemos esperar também debates sobre efetiva proteção do meio ambiente, levando em consideração que o Brasil precisa fortalecer a fiscalização e o combate aos crimes ambientais em todos os biomas, investir em tecnologias e práticas sustentáveis para impulsionar o desenvolvimento econômico sem comprometer o meio ambiente, criar políticas públicas eficazes para a proteção da Amazônia Azul, com investimentos em pesquisa, monitoramento e combate à poluição e ainda integrar a gestão costeira às políticas nacionais, garantindo a proteção da biodiversidade marinha e o desenvolvimento sustentável da região”.
O evento de lançamento do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP30”, é apenas o início de uma série de atividades que se estenderão ao longo do ano, com o intuito de sensibilizar e mobilizar a sociedade para a urgência de uma ação global coordenada em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. A COP30, que acontecerá em novembro de 2025, será um momento chave para a Amazônia.
*Estagiária sob a supervisão de Jaqueline Fonseca
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