Cada vez mais forte, o carnaval conta com uma ampla programação de blocos de rua, apoiada por estrutura de segurança e de vendedores ambulantes de bebidas, lanches e itens comemorativos, e dá sua contrapartida impulsionando o comércio, especialmente, com uma crescente venda e aluguel de fantasias.
Segundo o presidente do Sindivarejista-DF, Sebastião Abritta, o comércio local projeta, durante o período, crescimento de 4,9% nos negócios em 2025. O resultado previsto supera os 3,7% registrados na mesma época de 2024. “O comércio começou a sentir um aumento na procura a partir da segunda semana de fevereiro. As lojas que expuseram trajes e adereços estão se destacando. Acredito que fantasias de piratas e sereias estarão entre as mais procuradas, além de acessórios coloridos e brinquedos temáticos voltados para a folia”, afirma Abritta.
“Bares, restaurantes e clubes do Entorno também se beneficiam do período, que é um momento em que as pessoas juntam lazer e consumo”, afirma o economista César Bergo. Ele considera que Brasília tem se tornado, a cada ano, um importante centro para o desenvolvimento da indústria e do comércio ligados ao carnaval.
Na 509 Sul, uma tradicional casa do ramo, que há mais de 25 anos dá cor ao carnaval brasiliense, sente o impacto positivo nas finanças. A gerente do local, Alcileide Lima, 47 anos, estima aumento de 35% nas vendas. “As pessoas têm investido entre e R$ 80 e R$ 250 em fantasias adultas, e cerca de R$ 50 nas infantis. Este ano, há uma grande procura por acessórios e itens inspirados no Oscar”, conta.
Yasmin Farias, 4, neta da gerente, vive um sonho ao visitar a loja da avó. Ela mergulha na magia das fantasias e já escolheu a sua. “Eu gosto da abelhinha”, revela com entusiasmo.
Mas, para alguns, a fantasia ideal não está nas prateleiras dos espaços comerciais e, sim, na criatividade e no talento manual. O arquiteto Sankler Siqueira, 37, percorreu o centro de Taguatinga com o companheiro Gabriel Mendes, 35, em busca de tecidos para se vestir como um personagem de desenho japonês. “Ele tem muitos detalhes em couro, e eu mesmo vou confeccionar. Espero gastar cerca de R$ 150”, calcula Sankler. Já Gabriel prefere algo mais tradicional: “Vou de pirata ou de marinheiro, algo pronto. Pretendo gastar no máximo R$ 200”, comenta.
Além dos estabelecimentos especializados, há quem aproveite para lucrar com a confecção artesanal de trajes festivos da época. Nalva Gomes, 57, faz fantasias em sua loja, na feira do Guará, e trabalha o ano inteiro criando peças para o carnaval. Ela está certa de que terá aumento expressivo nos negócios. “Acredito que, este ano, as vendas vão mais que dobrar. Tenho desde fantasias simples, por cerca de R$ 50, às mais elaboradas, que custam em torno de R$ 200. A maior demanda tem sido por saias e adereços para cabelo. Este ano, muita gente está pedindo fantasias de sereia e sol”, conta.
Para o presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, o carnaval brasiliense tem se consolidado como uma data essencial para o comércio. “Brasília não é um destino tradicional neste período, mas muitos moradores permanecem na cidade, impulsionando o consumo e gerando receitas para as empresas locais. Em 2025, o aumento no número de blocos de rua, os investimentos do GDF e as diversas festas promovidas por produtores locais devem estimular ainda mais a economia. Esse cenário não só fortalece a cultura local, mas também gera emprego e renda”, destaca.
Segundo a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), neste ano, o DF terá 62 blocos de rua, seis a mais que em 2024. Além disso, as verbas governamentais destinadas ao carnaval cresceram de R$ 6,3 milhões para R$ 8,2 milhões. Em parte, esse aumento se deveu à quantidade de foliões atraídos para o quadradinho: 1,7 milhão de pessoas.
Com um fluxo constante de clientes, Mônica Braga, 53, gerente de uma loja de fantasias e adereços em Taguatinga, calcula aumento médio de 25% nas vendas. “O movimento está intenso, muitos clientes entram na loja em busca de fantasias e acessórios. As pessoas estão investindo entre R$ 150 e R$ 200, mas sempre há aqueles que gastam um pouco mais”, relata.
Mônica destaca quais são os acessórios mais procurados. “Muita maquiagem, muito brilho, tiaras, óculos e fantasias temáticas como anjinhos e cupidos estão em alta. As fantasias infantis também têm tido muita saída, principalmente, as de unicórnio e super-heróis”, detalha.
O período é “um momento especial”, diz a Ana Liz Vitelli, que comemorará seu aniversário de 11 anos na segunda-feira de carnaval. E ela já decidiu: vai celebrar com um animado bloquinho. “Não quis uma fantasia comum, estou montando a minha do zero, com vários acessórios”, diz, enquanto escolhe os itens, em um estabelecimento, com a mãe, Isabela Rocha Peixoto, 37, que planeja gastar cerca de R$ 150 com as escolhas da filha, e o mesmo valor para a própria fantasia. “Em outros anos, consegui gastar menos, mas senti que os preços aumentaram um pouco”, observa.
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