Quando olhamos para um empreendedor de sucesso, muitas vezes nem imaginamos como ele começou sua vida profissional.EXAME.com procurou diversos empreendedores para perguntar sobre seu primeiro emprego e encontrou atividades das mais diversas: feirante, marceneiro, meteorologista e até jogador profissional de videogame.
Os empreendedores entrevistados contaram que, mesmo quando o primeiro emprego não foi na área de atuação de sua empresa hoje, a atividade trouxe aprendizados importantes para o sucesso de seu negócio.
Ficou curioso? Então navegue pelos slides acima e conheça o primeiro emprego inusitado de 20 empreendedores e sucesso.
Digitadora
“Meu primeiro emprego foi com 16 anos como digitadora no escritório de um despachante em Santos. Neste emprego aprendi que quando você dá o seu melhor e entrega mais do que o esperado, sempre existe alguém olhando, cedo ou tarde isso vai ser reconhecido e oportunidades surgirão. Quando eu passei no vestibular, meu ex-patrão me presenteou com o pagamento da minha matrícula da faculdade e me deu um aumento para que eu pudesse fazer o curso. Eu só sou formada hoje porque esse emprego me permitiu estudar. Isso me ensinou a dar valor ao potencial que as pessoas têm e investir nelas, a seguir estudando e entregando resultados acima da meta.”
Fabiany Lima, de 36 anos, é CEO da Timokids, uma plataforma de entretenimento para crianças até 12 anos que está presente em mais de 180 países.
Vendedora de sanduíches na praia
“Eu vendia sanduíches naturais na praia. Aprendi muita coisa nesse trabalho. Toda a minha base profissional foi construída nessa época. Aprendi diversas técnicas de venda, a forma como lidar com o meu público consumidor, a importância de construir bons relacionamentos com os meus clientes, gostar de receber feedbacks a fim de aprimorar o meu trabalho, investir em um serviço diferenciado. Toda essa base foi fundamental para o sucesso da minha empresa hoje. O cliente gosta de se sentir encantado com o seu atendimento, com os seus produtos, seja comprando um sanduiche ou uma joia. Já fundei minha joalheria entendendo tudo isso muito bem, pois aprendi na prática o que dava certo ou não. Só precisei adaptar ao meu novo segmento de público, mas isso não foi problema. Hoje tenho clientes muito satisfeitos.”
Lydia Dana, de 48 anos, é fundadora da joalheria Espaço Lydia Dana, no Rio de Janeiro, que tem entre seus clientes Deborah Secco, Marina Ruy Barbosa, Tais Araújo e Juliana Paes.
Piloto de motocross
“Eu fui piloto de motocross, em 1989. Nesse trabalho, aprendi a ser competitivo e a lidar de forma prática com as dificuldades que aparecem ao longo de uma trajetória. Minha carreira como piloto de motocross me ensinou que não importa como você começa uma corrida e sim a forma como ela evolui. É assim também nos negócios, você precisa buscar a evolução sempre.”
Wallace Tonon, de 48 anos, é dono da Showcolate, uma rede de franquias que vende fondue de chocolate e frutas e hoje tem 46 unidades espalhadas pelo país.
Professor de matemática
“Eu era professor de matemática. Despertar em adolescentes de 15 anos o interesse por matemática foi um dos desafios mais difíceis da minha vida. Aprendi a enfrentar qualquer problema que aparece na minha frente. Ter uma empresa é um trabalho de liderança, assim como ser professor. Você precisa ensinar e manter as pessoas motivadas em torno de um objetivo.
Antônio Jorge Miranda, de 33 anos, fundador da Cuponomia, empresa fundada em 2012 para ajudar os consumidores a economizar nas compras online.
Vendedor de perfumes
“Entrei no mercado de trabalho aos 17 anos como promotor de vendas de perfumes em shoppings de São Paulo. Foi a minha principal atividade antes de começar a estagiar com propaganda e marketing, minha área de formação acadêmica. Acredito que essa experiência com vendas foi determinante para o início da minha lapidação como profissional. Quando você precisa vender, não importa como está o seu humor no dia, se é fim de semana ou se já passou das 20h. Você tem que receber o seu cliente com a atenção e respeito que ele merece. Daí já saíram duas grandes lições para mim – a primeira é encarar o dia a dia com bom humor, mesmo quando faltam motivos para isso, e a outra é nunca reclamar de excesso de trabalho, que eu sempre encarei como o caminho para o excesso de resultados. Aprender a lidar com a competição também foi outra lição para mim, e olha que entre vendedores a competição é muito grande já que todo mundo sabe o resultado de todo mundo. Mas aprendi que o sucesso do colega deve valer como uma motivação para você vender mais e não como uma desculpa para desistir. E para minha autoconfiança profissional foi muito importante chegar a ser líder de vendas por vários meses mesmo trabalhando ao lado de colegas mais experientes. E, claro, aprendi bastante sobre fragrâncias, concentração de perfumes, notas cítricas e fixação! Não sei dizer se eu teria sucesso em criar e vender tantos serviços atualmente se lá atrás não tivesse aprendido a vender um simples produto como o perfume.”
Davi Bertoncello, de 33 anos, CEO do Hello Group, o maior grupo de capital 100% nacional especializado em pesquisa de mercado.
Atendente de café
“Meu primeiro emprego foi numa livraria/café, na Nova Zelândia. Eu estava no primeiro período de faculdade, e trabalhava nos fins de semana. Quando fui contratada eu achava que ia ficar responsável pela venda de livros, mas me colocaram na parte do café, atendendo e servindo aos clientes. Aprendi a servir e ter humildade – eu lavava louça, varria o chão, fazia o café e esquentava muffins. Aprendi que não tem nada de errado em servir, pelo contrário: um cliente satisfeito é mérito em qualquer área de atuação. Esse espírito está presente hoje em minha editora, que é pequena e com uma equipe enxuta. Todos que trabalham aqui sabem que se for preciso sentar no chão para empacotar livros, a gente senta no chão e empacota livros, independentemente da área em que cada um trabalha.”
Alice Galeffi, de 28 anos, fundadora da Editora Guarda-Chuva, que edita e comercializa livros e revistas sobre cultura contemporânea.
Estagiária de filosofia
“Aos 15 anos, passei em um processo seletivo para um estágio em filosofia na Fiocruz (RJ). Na época, eu achava que seria filósofa quando crescesse (risos). Li e pesquisei muito. Aprendi a correr atrás de pensadores e gente influente (no meio da filosofia) para entrevistá-los. Aprendi a lidar com muitos dados e conteúdos, e trabalhá-los até eles contarem uma história. Marketing e análise de dados andam juntos. O aprendizado que obtive nesse estágio contribui até hoje para as pesquisas de mercado que faço para a Omnize.
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Marceneiro
“Eu fui marceneiro numa fábrica de caixa para relógios de parede. Esse emprego me ensinou a valorizar detalhes e a importância de realizar um trabalho bem feito e de criar produtos de alta qualidade para satisfação do cliente.”
Moacir Lamego, de 41 anos, é sócio do Beauty Date, responsável por agendamento online em salões de beleza.
Atendente em mercado
“Eu trabalhava no mercadinho da minha família no interior do Paraná. Lá aprendi os conceitos básicos de venda e logística. Documentações necessárias, trâmites, recebimento de produtos, armazenamento, controle de estoques etc. Aprendi do outro lado do balcão e uso tudo isso no desenvolvimento das soluções de vendas da minha empresa hoje.”
Humberto Matesco, de 59 anos, é CEO da HBSIS, empresa que atua há mais de vinte anos no desenvolvimento de soluções de vendas e logísticas para outras empresas.
Técnico agrícola
“Fui técnico agrícola, de 1986 a 1991. Logo que iniciei meu trabalho nesta área, realizei uma pesquisa de campo em todo o estado do Paraná sobre irrigação e drenagem. A partir desse trabalho aprendi a ter mais capacidade de diálogo com as pessoas. Eu tinha que transformar uma pesquisa de difícil entendimento em um bate papo. Isso me ajuda até hoje no relacionamento com os franqueados, clientes e fornecedores. Me fez compreender e lidar melhor com os mais diferentes públicos e situações de vida. Hoje consigo entender melhor as necessidades dos meus clientes e transformá-las em soluções lucrativas.”
Flavio Roberto Conrad, de 49 anos, dono da Restaura Jeans, rede de franquias nascida em 1991, e que hoje possui mais de 230 unidades em todo o país. A rede oferece serviços como lavanderia, ajustes de costura em roupas novas, tingimento e renovação de couro.
Montador de aquários
“Fui montador e limpador de aquários. Nesse trabalho, aprendi a planejar e executar com atenção aos detalhes, pois um pequeno erro podia colocar em risco todo o projeto. A principal lição é a paciência necessária. Você não monta um aquário e coloca os peixes no mesmo momento, é necessário um prazo de maturação, monitoramento e formação daquele ecossistema. Um tanque exuberante ou uma empresa rentável não acontecem da noite para o dia.”
Rafael Galdino, de 32 anos, é fundador da ótica online QÓculos.com, empresa fundada em 2013 e que possui 30 mil clientes.
Operadora de telemarketing
“Comecei como operadora de telemarketing com 16 anos de idade. Aprendi uma das minhas principais habilidades, a arte de negociar, a arte de contornar objeções e a arte de transformar um não em sim. Como trabalhava em um call center, minha principal responsabilidade era ligar para a casa das pessoas, fazer uma venda e convencer as pessoas que naquele momento elas deveriam fazer um curso. A quantidade de “nãos” era enorme! Lidar com isso ajudou em tudo, ajudou na minha vida pessoal e profissional. Negociar é uma das principais habilidades de um empreendedor e a verdade é que quem aprende a negociar bem na vida profissional também o fará nos aspectos pessoais e vice e versa.”
Rafaella Giraldi, 35 anos, presidente da Macpoli, rede de franquias de cursos profissionalizantes, com mais de 20 unidades em todo o país e faturamento superior a R$ 6 milhões.
Vendedor de sacolas plásticas
“Eu fui vendedor de sacolas plásticas e outros materiais descartáveis para pequenos restaurantes e mercadinhos de Recife. Eu acordava cedo, pegava ônibus lotado, levava dezenas de “nãos” todos os dias, e retornava para casa à noite em um ônibus mais lotado ainda. Como era difícil vender aquelas sacolinhas… mas hoje percebo quão rica foi aquela experiência de trabalho para mim. Para conseguir vender, eu precisei aprender a ouvir o cliente. Ao invés de tentar “empurrar” produtos desnecessários, percebi que vendia mais quando me concentrava em entender quais eram os desejos e necessidades do cliente e fornecia o que ele realmente precisava. Aprendi que o ponto forte de um negociador não é lábia, mas sim a capacidade de encontrar soluções inteligentes e criativas que satisfaçam as partes envolvidas na negociação. Também aprendi a me comunicar com mais clareza. Quando o cliente não entendia algo, eu me esforçava para melhorar a explicação. Levar muitos “nãos” também me fez aprender a ser resiliente e persistente. Era muito frustrante no começo, mas, com o tempo, fui aprendendo a transformar cada fracasso e uma oportunidade de aprendizado.”
André Wilson, 39 anos, sócio da VP Concursos, empresa de Consultoria e Coaching para concursos públicos, OAB, ENEM e Vestibulares.
Fonte: EXAME